
O mundo em sua “bela época”.
O período em que esse trabalho está focado compreende a segunda metade do século XIX e as primeiras da centúria posterior, ou seja, entre as décadas de 1850 e 1910. Dessa forma, consideramos de grande valia um breve exercício de reflexão sobre o contexto mundial desse período para que se compreendamos melhor os seus acontecimentos no âmbito nacional e regional.
Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX o mundo viveu um momento que ficara conhecido como a “Bélle Époque”. Tratou-se de uma época marcada por grandes transformações no mundo e ao mesmo tempo trazia diversas contradições. Assim, “falar de finais de século XIX significa lembrar uma sociedade confiante em suas aquisições e marcada por uma atmosfera de fausto e luxo” .

As transformações, ou inovações no campo do conhecimento, se deram de forma dinâmica, e um enorme frisson se constituiu dentro da burguesia européia, em especial a parisiense. Paris é considerada a capital do mundo ocidental, por isso ela foi a sede da exposição de 1900, onde, os símbolos da modernidade foram expostos. “Não é a toa que os grandes símbolos sejam a luz e a velocidade. A luz elétrica era a grande vedete da exposição de Paris (...) aberta em 14 de abril de 1900” . É lícito afirmar que a exposição de 1900 “foi de fato concebida com o feito de apresentar, simbolicamente, o novo século, assim como elogiar aquele que estava para partir” .
Na “Bélle Époque” nem tudo era brilho e euforia. Tantas transformações num curto tempo levaram à críticas e descréditos por parte de alguns grupos sociais. Por isso “todas essas novidades não foram, porém, absorvidas com facilidade. Ao contrário, boa parte dos inventos mais bem sucedidos foram vítimas de reprovações categóricas” . Temos assim, um choque social provocado por essas mudanças. De um lado euforia e expectativa em contrapartida segregação e ceticismo. Dessa forma, “poucas pessoas foram envolvidas nesse processo tão drástico de transformações – que a um só tempo encantavam, assustavam e geravam ceticismo e, muito menos, tomar partido quanto a elas” .

Essas transformações foram, fruto de bruscas mudanças na economia mundial após a revolução tecnológica em meados do século XIX. O resultado dessas mudanças na economia, com a consolidação do capitalismo no século XIX e os avanços tecnológicos levaram as potências européias há uma disputa ferrenha, onde:
“essa escalada na produção levou por sua vez, a uma disputa por matérias-primas disponíveis, à ampliação do mercado e ao fenômeno conhecido como neo-colonialismo ou imperialismo – que acarretou uma nova divisão internacional das áreas não colonizadas – ou ainda, a novas relações de dependência em áreas de passado colonial” .

Esse processo expansionista, no final do século XIX gerou inúmeras transformações em outras partes do mundo. “O resultado dessa política de expansão européia deixaria marcas durante todo o século. As tentativas de interferir em sociedades e culturas seculares geraram revoltas e guerras, só abafadas a partir da inegável superioridade estratégica e armamentícia européia” É possível então, percebermos as ambigüidades desse período. “Enfim, a certeza de que se poderia tudo encontrava tudo no lado menos brilhante dessa história. Não há dominantes sem dominados, e a Europa do exercício da política uma grande encenação. Ai está, portanto, a bélle époquie, com seus costumes extravagantes e hábitos mundanos, que invade a cena e enche a humanidade de explicações” .
Como foi exposto anteriormente, esse ritmo frenético de mudanças na Europa causou grande impacto nas diversas atividades humanas no mundo. Vários países foram incluídos nessa trama, inclusive o Brasil.
O caso brasileiro.
Nas últimas décadas do século XIX e início do posterior o mundo ocidental passou por diversas transformações no campo tecnológico, econômico e cultural. Naquele momento a Europa se recuperava de uma crise econômica e dava início ao seu processo expansionista. Mesmo no continente europeu essas transformações tais mudanças foram alvos de críticas. E no resto do mundo ocidental não foi diferente. Pois, nos países periféricos essas transformações tiveram entrada e sendo alvo de resistência por grupos que ficaram excluídos ou prejudicados com todo esse acelerado processo de mudança. No Brasil houve um maciço processo de europeização, onde:
“tal qual na maior parte do mundo ocidental, as cidades, prisões, escolas e hospitais brasileiros passaram por esse processo de mudança radical, em nome do controle e da aplicação de métodos científicos , crenças que também se relacionava em uma nova etapa de desenvolvimento material, marcado pelo progresso ilimitado” .
Durante o período em questão o Brasil passava por dificuldade financeira e diversos problemas sociais: pois acabara de haver uma mudança de regime político, deixando de ser uma monarquia se tornando uma república, a qual tinha a extrema necessidade de se consolidar.
“O início da República conviveu com crises econômicas, marcadas por inflação, desemprego e superprodução do café. Tal situação aliada a concentração de terras e a ausência de um sistema escolar abrangente, implicou que a maioria dos habitantes passasse a viver de quase completo abandono” .

A pesar do processo expansionista europeu, não há ingenuidade por parte das elites do Brasil em importar a Bélle Époque. Esse ideário europeu satisfazia os interesses da classe dominante no país, as quais quiseram a todo custo europeizar o Brasil. Assim:
“a ciência européia da época, que passava a ser vista como critério definidor das sociedades civilizadas, era marcada por visões racistas, na qual os brancos ocupavam o primeiro lugar no desenvolvimento humano, e os negros, o último” .
Durante as últimas décadas do Império e os anos da República Velha, o Brasil passou por diversas transformações tanto no campo cultural, político, econômico e arquitetônico. Ao mesmo tempo ocorreram diversas revoltas populares. No âmibto cultural foi adotado o modo europeu moderno de viver, a literatura e a ciência sofreram forte influência do positivismo. Na arquitetura ocorreu uma negação do barroco colonial, havendo uma predominância do Art-decô. Enfim, temos um verdadeiro afrancesamento do Brasil.
As revoltas nesse período foram constantes, tanto no campo como nas cidades. Podemos citar a Revolta de Canudos, Quebra-quilos, Revolta da Vacina e a Revolta de 1912 no Ceará, a qual levou a deposição, pelo menos em tese, da oligarca local – Nogueira Acioly. Todas essas manifestações violentas contra o poder instituído são reações contra esse modelo transformador que se implantou no país sem levar em consideração tradições culturais seculares. Assim, essas revoltas:
“Traduzem uma reação violenta frente às rápidas e autoritárias transformações ocorridas no período, transformações que não levaram em conta as formas de vida da maioria da população – atitudes, aliás, que teve início no período monárquico” .
As remodelações das cidades foram também uma característica da bélle époque no Brasil. Esta, associada ao pensamento da medicina higienista promoveram uma maior segregação entre a minoria aburguesada / europeizada / aformoseada brasileira e a grande maioria da população pobre, os quais ficaram estigmatizados como “classes perigosas”.

Os sertões brasileiros não ficaram longe do alcance do fenômeno da bélle époque. Seus efeitos nefastos foram levados às populações pobres destas áreas. O Ceará não ficou imune ao processo transformados desse das últimas décadas do século XIX. Em Fortaleza, se caminharmos pela sua área central é possível notarmos os vestígios desse momento.
Bibliografia.
• COSTA, Ângela Marques & SCHWARTZ, Lília. “1890 – 1914 – No tempo das certezas”. São Paulo, cia. das letras. 2002.
• PRIORE, Mary Del e VENÂNCIO, Renato Pinto. “O Livro de ouro da História do Brasil”. Rio de Janeiro, ediouro. 2001.
O período em que esse trabalho está focado compreende a segunda metade do século XIX e as primeiras da centúria posterior, ou seja, entre as décadas de 1850 e 1910. Dessa forma, consideramos de grande valia um breve exercício de reflexão sobre o contexto mundial desse período para que se compreendamos melhor os seus acontecimentos no âmbito nacional e regional.
Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX o mundo viveu um momento que ficara conhecido como a “Bélle Époque”. Tratou-se de uma época marcada por grandes transformações no mundo e ao mesmo tempo trazia diversas contradições. Assim, “falar de finais de século XIX significa lembrar uma sociedade confiante em suas aquisições e marcada por uma atmosfera de fausto e luxo” .

As transformações, ou inovações no campo do conhecimento, se deram de forma dinâmica, e um enorme frisson se constituiu dentro da burguesia européia, em especial a parisiense. Paris é considerada a capital do mundo ocidental, por isso ela foi a sede da exposição de 1900, onde, os símbolos da modernidade foram expostos. “Não é a toa que os grandes símbolos sejam a luz e a velocidade. A luz elétrica era a grande vedete da exposição de Paris (...) aberta em 14 de abril de 1900” . É lícito afirmar que a exposição de 1900 “foi de fato concebida com o feito de apresentar, simbolicamente, o novo século, assim como elogiar aquele que estava para partir” .
Na “Bélle Époque” nem tudo era brilho e euforia. Tantas transformações num curto tempo levaram à críticas e descréditos por parte de alguns grupos sociais. Por isso “todas essas novidades não foram, porém, absorvidas com facilidade. Ao contrário, boa parte dos inventos mais bem sucedidos foram vítimas de reprovações categóricas” . Temos assim, um choque social provocado por essas mudanças. De um lado euforia e expectativa em contrapartida segregação e ceticismo. Dessa forma, “poucas pessoas foram envolvidas nesse processo tão drástico de transformações – que a um só tempo encantavam, assustavam e geravam ceticismo e, muito menos, tomar partido quanto a elas” .

Essas transformações foram, fruto de bruscas mudanças na economia mundial após a revolução tecnológica em meados do século XIX. O resultado dessas mudanças na economia, com a consolidação do capitalismo no século XIX e os avanços tecnológicos levaram as potências européias há uma disputa ferrenha, onde:
“essa escalada na produção levou por sua vez, a uma disputa por matérias-primas disponíveis, à ampliação do mercado e ao fenômeno conhecido como neo-colonialismo ou imperialismo – que acarretou uma nova divisão internacional das áreas não colonizadas – ou ainda, a novas relações de dependência em áreas de passado colonial” .

Esse processo expansionista, no final do século XIX gerou inúmeras transformações em outras partes do mundo. “O resultado dessa política de expansão européia deixaria marcas durante todo o século. As tentativas de interferir em sociedades e culturas seculares geraram revoltas e guerras, só abafadas a partir da inegável superioridade estratégica e armamentícia européia” É possível então, percebermos as ambigüidades desse período. “Enfim, a certeza de que se poderia tudo encontrava tudo no lado menos brilhante dessa história. Não há dominantes sem dominados, e a Europa do exercício da política uma grande encenação. Ai está, portanto, a bélle époquie, com seus costumes extravagantes e hábitos mundanos, que invade a cena e enche a humanidade de explicações” .
Como foi exposto anteriormente, esse ritmo frenético de mudanças na Europa causou grande impacto nas diversas atividades humanas no mundo. Vários países foram incluídos nessa trama, inclusive o Brasil.
O caso brasileiro.

Nas últimas décadas do século XIX e início do posterior o mundo ocidental passou por diversas transformações no campo tecnológico, econômico e cultural. Naquele momento a Europa se recuperava de uma crise econômica e dava início ao seu processo expansionista. Mesmo no continente europeu essas transformações tais mudanças foram alvos de críticas. E no resto do mundo ocidental não foi diferente. Pois, nos países periféricos essas transformações tiveram entrada e sendo alvo de resistência por grupos que ficaram excluídos ou prejudicados com todo esse acelerado processo de mudança. No Brasil houve um maciço processo de europeização, onde:
“tal qual na maior parte do mundo ocidental, as cidades, prisões, escolas e hospitais brasileiros passaram por esse processo de mudança radical, em nome do controle e da aplicação de métodos científicos , crenças que também se relacionava em uma nova etapa de desenvolvimento material, marcado pelo progresso ilimitado” .
Durante o período em questão o Brasil passava por dificuldade financeira e diversos problemas sociais: pois acabara de haver uma mudança de regime político, deixando de ser uma monarquia se tornando uma república, a qual tinha a extrema necessidade de se consolidar.
“O início da República conviveu com crises econômicas, marcadas por inflação, desemprego e superprodução do café. Tal situação aliada a concentração de terras e a ausência de um sistema escolar abrangente, implicou que a maioria dos habitantes passasse a viver de quase completo abandono” .

A pesar do processo expansionista europeu, não há ingenuidade por parte das elites do Brasil em importar a Bélle Époque. Esse ideário europeu satisfazia os interesses da classe dominante no país, as quais quiseram a todo custo europeizar o Brasil. Assim:
“a ciência européia da época, que passava a ser vista como critério definidor das sociedades civilizadas, era marcada por visões racistas, na qual os brancos ocupavam o primeiro lugar no desenvolvimento humano, e os negros, o último” .
Durante as últimas décadas do Império e os anos da República Velha, o Brasil passou por diversas transformações tanto no campo cultural, político, econômico e arquitetônico. Ao mesmo tempo ocorreram diversas revoltas populares. No âmibto cultural foi adotado o modo europeu moderno de viver, a literatura e a ciência sofreram forte influência do positivismo. Na arquitetura ocorreu uma negação do barroco colonial, havendo uma predominância do Art-decô. Enfim, temos um verdadeiro afrancesamento do Brasil.
As revoltas nesse período foram constantes, tanto no campo como nas cidades. Podemos citar a Revolta de Canudos, Quebra-quilos, Revolta da Vacina e a Revolta de 1912 no Ceará, a qual levou a deposição, pelo menos em tese, da oligarca local – Nogueira Acioly. Todas essas manifestações violentas contra o poder instituído são reações contra esse modelo transformador que se implantou no país sem levar em consideração tradições culturais seculares. Assim, essas revoltas:
“Traduzem uma reação violenta frente às rápidas e autoritárias transformações ocorridas no período, transformações que não levaram em conta as formas de vida da maioria da população – atitudes, aliás, que teve início no período monárquico” .
As remodelações das cidades foram também uma característica da bélle époque no Brasil. Esta, associada ao pensamento da medicina higienista promoveram uma maior segregação entre a minoria aburguesada / europeizada / aformoseada brasileira e a grande maioria da população pobre, os quais ficaram estigmatizados como “classes perigosas”.

Os sertões brasileiros não ficaram longe do alcance do fenômeno da bélle époque. Seus efeitos nefastos foram levados às populações pobres destas áreas. O Ceará não ficou imune ao processo transformados desse das últimas décadas do século XIX. Em Fortaleza, se caminharmos pela sua área central é possível notarmos os vestígios desse momento.
Bibliografia.
• COSTA, Ângela Marques & SCHWARTZ, Lília. “1890 – 1914 – No tempo das certezas”. São Paulo, cia. das letras. 2002.
• PRIORE, Mary Del e VENÂNCIO, Renato Pinto. “O Livro de ouro da História do Brasil”. Rio de Janeiro, ediouro. 2001.

Oi, Alberto. Vim fazer uma visita ao seu blog!
ResponderExcluirAh, Bélle Époque... Era nessa época que o bode Ioiô perambulava feliz por Fortaleza, né? :) E o povo se vestia de acordo com a moda europeia, mesmo morrendo de calor, rs...
Espero tb tua visita em meu blog e vamos manter contato sim ;)
abraço.
Tatyana França